sexta-feira, 31 de outubro de 2008

MARCEL DUCHAMP

"Gosto da palavra crer. Em geral, quando alguém diz eu sei, não sabe, acredita.Creio que a Arte é a única forma de actividade pela qual o homem se manifesta como indivíduo. Só por ela pode superar o estado animal, porque a Arte desemboca em regiões que nem o tempo nem o espaço dominam. Viver é crer - ao menos é isto o que eu creio."

Marcel Duchamp citado por Octavio Paz em Marchel Duchamp ou o castelo da pureza. Tradução de Sebastião Ochoa Leite. São Paulo: Ed. Perspectiva (2007)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

W. G. Sebald

O escritor do qual não me lembrava o nome:
W. G. (Winfred Georg) Maximilian Sebald (Germany1944-England2001)

tem publicado em português pela Teorema:

"Austerlitz"
"Os emigrantes"
"História natural da destruição"
"Os anéis de Saturno"
"Vertigens, impressões"

O trabalho de Sebald centra-se na memória, colectiva e pessoal.
Tenta sobretudo lidar com o trauma sofrido também pelo povo alemão na segunda-guerra mundial. Em "História natural da destruição" faz um ensaio sobre o facto de não existir qualquer relato escrito sobre os bombardeamentos das cidades alemãs.

Um outro tema que atravessa toda a sua obra é a mistura do "real" com o imaginário e memória, concretizado pela escrita na primeira pessoa e com recurso à fotografia.

O meu livro preferido (sem querer influênciar ninguém) é "Os anéis de Saturno".
Assemelha-se a um trabalho de "Land-Art" algures numa mistura entre Robert Smithson e Richard Long. É o relato de um percurso a pé numa zona específica de Inglaterra que lhe permite evocar pessoas e culturas do passado: Chateaubriand, Thomas Browne, Swinburne ou Conrad. Mais uma vez é evocada a destruição contemporânea de um mundo que o homem construiu desde tempos imemoriais.

domingo, 26 de outubro de 2008

Augmented Ecologies: A Kinesthetic User Experience

Ver no blog do Diogo a quem se agradece,

http://blog.devuo.net/

sábado, 25 de outubro de 2008

Cinematografias da Dor, por Susana Sousa Dias

29 Out: 14h30 na FBAUL
"De Afrodisias" – a propósito de uma estatueta do Museu de Évora, por Luís Jorge
O Corpo: entre Sensualidade e Carnalidade, por João Pais
Erotização da Paisagem na Pintura Francesa do Século XVIII, por José Quaresma
A Criança Imortal (O Segredo do Artista, 3), por Tomás Maia
A Libido Ostentatória de Domingos Mendes - ou os interiores do Palacete na Rua da Horta Seca, por Joana Cunha Leal
Cinematografias da Dor, por Susana Sousa Dias Visionamento de excertos de filmes de Andrei Tarkovsky e Peter Greenway

Obrigado a Jesus,
sem máscara

SÓ DOIDO! SÓ POETA!

No ar purificado,
quando já o refrigério do orvalho
goteja sobre a terra,
invisível, inaudível também
-pois o consolador orvalho usa
sapato delicado, como todos os apaziguadores –
recordas-te então, recordas-te, coração ardente,
como outrora tinhas sede
de lágrimas celestiais e gotas de orvalho,
queimado e fatigado tinhas sede,
enquanto veredas amarelecidas
olhares perversos do sol poente
te perseguiam através das árvores negras,
olhares ofuscantes de fogo solar, olhares maliciosos.

- Pretendente da verdade – tu? escarneciam eles
um bicho astuto, predador, rastejante,
que tem de mentir,
que tem de mentir deliberadamente, voluntariamente,
ávido de presa,
disfarçado de variegadas cores,
máscara para si próprio,
de si próprio presa
isto – o pretendente da verdade?...
Só Doido! Só Poeta!
Só falando à toa,
sob máscaras de doidos falando à toa,
subindo por mentirosas pontes de palavras,
entre falsos céus
vagueando, rastejando –
doido! poeta!...

Isto – o pretendente da verdade?...

Não quieto, rígido, liso, frio,
tornado estátua,
não como coluna de deus
colocada diante dos templos,
guardião de um deus:
não! hostil a essas estátuas de virtude,
mais íntimo dos desertos que dos templos,
cheio de felina malícia
saltando por qualquer janela
upa! para todo o acaso,
pelo faro procurando qualquer floresta virgem
para que nas florestas virgens,
entre feras de pêlo malhado
corresses pecaminosamente são e belo e colorido
com beiços lúbricos,
ditosamente escarninho, infernal, sanguinário,
corresses roubando, rastejando, mentindo

Ou semelhante à águia que longa,
longamente fixa os abismos,
os seus abismos…
- Oh! como estes se enroscam lá para baixo,
para o fundo, para dentro,
em profundezas cada vez mais fundas! –
Então,
de súbito,
em voo picado,
num rasgo palpitante
cair sobre os cordeiros,
repentina, voraz,
ávida de cordeiros,
hostil a todas as almas de cordeiros,
raivosamente hostil a tudo o que tem olhos
virtuosos, de carneiro, de lã encaracolada,
a toda a estupidez, à leitosa benevolência de cordeiro…

Assim,
de águia, de pantera,
são os anseios do poeta,
são os teus anseios sob mil máscaras,
ó doido! ó poeta!...

Tu que viste o homem
como deus tanto como carneiro -,
despedaçar o deus no homem
tal como o carneiro no homem
e rir despedaçando –
isto, isto é a tua ventura,
ventura de pantera e águia,
ventura de poeta e doido!...

No ar purificado,
quando já a foice da lua
verde por entre vermelhos purpúreos
e ciumenta desliza,
- hostil ao dia,
a cada passo secretamente
ceifando as roseiras balouçantes
até caírem,
afundarem-se pálidas em direcção à noite:
assim eu mesmo caí outrora
da minha loucura da verdade
dos meus anseios de dia,
cansado do dia, doente da luz,
- caí, para o fundo, para a noite, para a sombra,
Abrasado e sedento
De uma verdade
- recordas-te ainda, recordas-te, coração ardente,

da sede que sentias? –
ah, que eu seja banido
de toda a verdade!
Doido! poeta!...

NIETZSCHE, Friedrich. Ditirambos de Diónisos. Versão Manuela Sousa Marques. Lisboa: Guimarães Editores, 2000
Dionysos – Dithyramben. Editio princeps: 1895

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Importante by Tiago

Randy Pausch Last Lecture: Achieving Your Childhood Dreams

http://www.youtube.com/watch?v=ji5_MqicxSo

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

TED

TED (Technology, Entertainment, Design)

http://www.ted.com/

Interactive surface

http://www.microsoft.com/surface/index.html

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Precisamos de amolador?

Parece-me que precisais de um amolador.

Não existem ideias de projecto nos vossos blog (penso que só 1 pessoa, nos três níveis, o fez!).
Os trabalhos (3ano) sobre o artísta multimédia?

Olhem para a data.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mais do amigo da Rita

Pablo Valbuena

The Augmented Sculpture Series

http://www.youtube.com/watch?v=7v2VxzDFCmU

http://www.youtube.com/watch?v=U4mvMvpZhVc

http://www.youtube.com/watch?v=fgCbwpjUbpA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wrjsW8xDt1g

Martin Fowler

Para os que ligam a programação:

http://www.martinfowler.com/

não liguem à fotografia...

Lev Manovich

Referência multimédia:

http://www.manovich.net/

Preciosidades

www.youtube.com/redskyfalls

KAFKA "A preocupação do pai de família" 1

Há quem diga que a palavra Odradek é de origem eslava, e procura-se então, com base nisto demonstrar a formação da palavra. Outros porém acham que ela vem do alemão, e que o elemnto eslavo é apenas uma influência. Mas é evidente que a insegurança das duas explicações nos permite concluir que nenhuma delas é correcta, até porque nenhuma permite encontrar o sentido da palavra.
Naturalmente que ninguém ia perder o seu tempo com tais estudos, se não existisse realmente um ser com o nome de Odradek. À primeira vista parece uma bobina sem fio, chata e em forma de estrela, e de facto há uma espécie de fios que o cobrem; certamente pedaços de fios de vários tipos e cores, esgarçados, velhos, atados e também enleados uns aos outros. Mas não se trata apenas de uma bobina, porque do meio da estrela sai um pauzinho transversal, ao qual se junta outro, em ângulo recto. Com a ajuda deste último pauzinho e de uma das pontas de estrela, a coisa é capaz de se pôr de pé, como se tivesse duas pernas.
(continua)
KAFKA. Parábolas e fragmentos (2004) tradução de João Barrento. Lisboa: Assírio & Alvim

Vejam isto

Vejam este post da Rita (aquela moça que não vai às aulas)

http://rita3884.blogspot.com/2008/10/pablo-valbuena-augmented-space.html

A Imaginação segundo Sarte - 1

(…) As coisas estão continuamente a emitir «simulacros», «ídolos» que são meros invólucros. Estes invólucros têm todas as qualidades do objecto, conteúdo, forma, etc. São mesmo, exactamente, objectos. Uma vez emitidos, têm existência em si mesmos, tal como o objecto emissor, e podem errar pelos ares por tempo indeterminado. Haverá percepção sempre que um aparelho sensível encontrar e absorver um desses invólucros.
A teoria pura e a priori fez da imagem uma coisa. Mas a intuição interior ensina-nos que a imagem não é a coisa. (pp. 9-10)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

www.lafabrica.com

http://www.lafabrica.com/

A Imaginação

SARTE, Jean-Paul. A Imaginação. (2002) Tradução Manuel João Gomes. Lisboa: Difel

A faculdade de deformar as imagens

Pretende-se sempre que a imaginação seja a faculdade de formar imagens. Ora, ela é antes a faculdade de deformar as imagens fornecidas pela percepção, é sobretudo a capacidade de libertar-nos das imagens primeiras, de mudar as imagens. Se não há mudança de imagens, união inesperada das imagens, não há imaginação, não há acção imaginante. (…) O vocábulo fundamental que corresponde à imaginação não é imagem, mas imaginário. O valor de uma imagem mede-se pela extensão de sua auréola imaginária. Graças ao imaginário, a imaginação é essencialmente aberta, evasiva.

BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos.(1990) São Paulo: Martins Fontes (p.1)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

www.obsolete.com/artwork/book.html

Anonymous artist(s) - Walter Benjamin: The Work os Art in the Age of Mechanical Reproduction (1998)
http://www.obsolete.com/artwork/book.html

Conferência Interacção 2008

No âmbito da Conferência Interacção 2008
http://interaccao2008.xdi.uevora.pt/
terão lugar na Universidade de Évora as seguintes apresentações convidadas. A participação é aberta a todos os interessados na área.


Golan Levin (16 de Outubro às 9:30h)
http://www.flong.com/

Abstract
I am interested in the medium of response, and in the conditions that enable people to experience "flow", or sustained creative feedback with reactive systems. In this regard I have found inspiration in the engaging interactive artworks of Myron Krueger and Toshio Iwai, and in the research of cognitive psychologist Mihalyi Csikszentmihalyi. I am drawn to the revelatory potential of information visualization – whether brought to bear on a single participant, the world of data we inhabit, or the formal aspects of mediated communication itself. Here I have drawn from many teachers in the disciplines of conceptual art and information design. And I am fascinated by how abstraction can connect us to a reality beyond language, and the ways in which our gestures and traces, thus abstracted, can reveal the unique signatures of our spirits. My recent projects have explored the gestures of the hand and voice; in my new work, I have turned to the gestures of the eye, with the aim of creating engrossing, uncanny and provocative interactions structured by gaze. This presentation will discuss a wide range of my own works and those of others, with a particular attention to how the use of gestural interfaces, visual abstraction, and information visualization can support new modes of interaction and play.

António Câmara (17 de Outubro às 16h)

Abstract
Digital television and cinema and interactive billboards are creating the need for new interfaces where the average distance between the user and content is three meters (3m interfaces). This presentation reviews gesture based and mobile control 3m interfaces that have been developed around the world. It also provides a perspective on future developments.

"Windows and Mirrors"

BOLTER, Jay David e GROMALA, Diane. Windows and Mirrors - interaction design, digital art, and the myth of transparency. London: The MIT Press (2003)

"O óbvio e o obtuso"

BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Tradução de Isabel Pascoal. Lisboa: Edições 70 (1984)

"O Visível e o Invisível"

MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. Tradução José Artur Gianotti e Armando Mora d'Oliveira. São Paulo: Ed. Perspectiva (2005)

domingo, 12 de outubro de 2008

Imaginar

"(…) A propósito de qualquer imagem que nos impressiona, devemos indagar-nos: qual o arroubo linguístico que essa imagem libera em nós? Como separamos do fundo por demais estável das recordações familiares? Para bem sentir o papel imaginante da linguagem, é preciso procurar pacientemente, a propósito de todas as palavras, os desejos de alteridade, os desejos de duplo sentido, os desejos de metáfora. De um modo mais geral, é preciso recensear todos os desejos de abandonar o que se vê e o que se diz em favor do que se imagina. Assim, teremos a oportunidade de devolver á imaginação o seu papel de sedução.(…) Perceber e imaginar são tão antitéticos quanto presença e ausência. Imaginar é ausentar-se, é lançar-se a uma vida nova. "

BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos.(1990) São Paulo: Martins Fontes (p.3)

Visibilidade

"Se incluí a Visibilidade na minha lista de valores a salvar é para advertir do perigo que corremos de perder uma faculdade humana fundamental: o poder de focar visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas a partir de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros numa página em branco, de pensar por imagens. Penso numa possível pedagogia da imaginação que habitue cada um a controlar a sua visão própria visão interior sem a sufocar e por outro lado sem a deixar cair num confuso e passageiro fantasiar, mas permitindo que as imagens se cristalizem numa forma bem definida, memorável, auto-suficiente e «icástica»".

CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milénio (p.112)

ACTION SCRIPT

As aulas de action script começam na próxima terça-feira, dia 14 de Outubro.

Josep Muntañola Thornberg - para os interessados

Para os interessados aqui fica uma lista das obras do Josep Muntañola. As suas teorias partem do 'principio dialógico' de Mikhail Bakhtin e das obras de Paul Ricoeur, sobretudo Temps et Recits.

Josep Muntañola. (2006). Mind, Land and Society. Khora II. 1 ed. Barcelona: UPC. 115 p. ISBN: 84-608-0490-9

J. MUNTAÑOLA, M. CORDOBA, L.F. SERRANO, B. RODEGHIERO, R. DELPINO, C.A. REGOLINI, J. ASENSI, J. NIELSEN, V.P. BAGNATO, S. ALMAGOR, M.I. BARROT. (2003). ARQUITECTURA: PROYECTO Y USO. 1 ed. BARCELONA: JOSEP MUNTAÑOLA ED.. 181 p. ISBN: 84-8301-729-6

Josep Muntañola Thornberg. (2003). Arquitectura : texto y contexto : transcripciones III. 1 ed. Barcelona: Edicions UPC. Edicions virtuals UPC. 78 p. ISBN: 84-8301-709-1

Josep Muntañola Thornberg. (2003). Lecturas dialógicas de arquitectura . 1 ed. Barcelona: Edicions UPC. 93 p. ISBN: 84-8301-708-3

JOSEP MUNTAÑOLA THORNBERG. (2000). TOPOGÉNESIS, FUNDAMENTOS DE UNA NUEVA ARQUITECTURA. 1 ed. : EDICIONS UPC. 176 p. ISBN: 84-8301-380-0

Muntañola Thornberg, Josep. (1996). La Arquitectura como lugar.. 1 ed. : Edicions UPC . 223 p. ISBN: 84-8301-048-8

MUNTAÑOLA, J. ;. (1990). RETORICA Y ARQUITECTURA. 1 ed. : HERMANN BLUME. 0 p. ISBN: 8478430091